Doença de Parkinson

O que é a Doença de Parkinson?

A Doença de Parkinson ocorre quando as células cerebrais (neurônios) que produzem a Dopamina, além de outros neurotransmissores, param de funcionar ou morrem. Com isso, começam a aparecer sintomas motores como o tremor, a lentidão dos movimentos, a rigidez, dificuldade para caminhar e falta de equilíbrio. Além dos sintomas motores também ocorrem os sintomas não motores como: constipação, depressão, insônia, problemas de memória, perda do olfato entre outros.

A Doença de Parkinson é uma doença progressiva, sem cura até o momento. Isto significa que os sintomas pioram lentamente com o tempo. A experiência de viver com a Doença de Parkinson depende de cada indivíduo. A gravidade dos sintomas e a progressão da doença varia de pessoa para pessoa e está muito relacionada aos hábitos de vida. Um estilo de vida saudável reduz a agressividade da doença.

A Doença de Parkinson afeta cerca de 3% da população brasileira acima de 60 anos de idade. Estima-se que haja mais de 6 milhões de pessoas portadoras da doença em todo o mundo. Os sintomas motores aparecem tipicamente por volta dos 50-60 anos de idade.

Fonte: Dr. Fábio Godinho

Quais são as causas da Doença de Parkinson?

Ainda não se conhece as causas da Doença de Parkinson. Acredita-se que a doença possa ser o produto da interação entre fatores genéticos e ambientais. As causas relacionadas ao meio ambiente são presumidamente toxinas presentes globalmente. O efeito crônico (uso por tempo prolongado) destas toxinas (como pesticidas e herbicidas) pode ser determinante em pessoas geneticamente predispostas. 

É importante ressaltar, contudo, que a exposição a qualquer um destes fatores de risco não garante o desenvolvimento da doença, assim como a ausência deles não garante proteção.

​Fatores de risco

​O maior fator de risco é a idade avançada. Os homens apresentam risco levemente maior que as mulheres. A história familiar é outro fator importante: indivíduos com um familiar de primeiro grau afetado apresentam risco duas vezes maior de desenvolver a doença. O maior risco também tem relação com fatores ambientais específicos.

O consumo diário de cafeína também está associado à menor incidência da Doença de Parkinson. O uso excessivo, contudo, (5 xícaras de café ou mais por dia) pode constituir fator de risco (observado principalmente em mulheres).

Pré-Disposição Genética

​São conhecidos inúmeros genes que estão relacionados a um pequeno número de casos. O mais importante deles é o gene chamado Parkin, cuja mutação provoca Doença de Parkinson no paciente jovem (abaixo dos 40 anos). Este gene cria uma proteína, também chamada Parkin, que ajuda a quebrar proteínas indesejáveis (tóxicas) dentro dos neurônios. A alteração no gene Parkin compromete a quebra destas proteínas, gerando acúmulo das mesmas. É provável que este acúmulo dentro das células (neurônios) desencadeie a morte celular.

Outros genes responsáveis pelo surgimento da Doença de Parkinson incluem: o gene alfa-sinucleína, DJ-1, PINK-1 e UCHL-1, que juntos representam uma pequena fração dos casos. Deste modo, é provável que várias alterações genéticas, muitas delas ainda desconhecidas, possam estar relacionadas a esta doença.

Fonte: Dr. Fábio Godinho

Sintomas da Doença de Parkinson

Sintomas motores

As pessoas geralmente estão mais familiarizadas com os sintomas motores da Doença de Parkinson. Esses são os sintomas mais visíveis e mais utilizados ​​pelos para se fazer o diagnóstico. Os três sintomas motores “cardinais” da Doença de Parkinson são:

Rigidez: rigidez muscular. Dificulta o movimento e pode gerar dores.

Lentidão (bradicinesia): diminuição do movimento automático e voluntário; pode incluir lentidão ao andar, menor balanço do braço durante a caminhada ou diminuição da expressão facial.

Tremor em repouso: um tremor rítmico e involuntário que ocorre nos membros superiores ou inferiores quando está relaxado, diminuindo de amplitude durante o movimento voluntário.

Nem todas as pessoas com Doença de Parkinson possuem os três sintomas motores, mas a lentidão sempre está presente. Embora o tremor seja o sintoma mais comum no diagnóstico, nem todos os portadores de Doença de Parkinson têm tremor.

Outros sintomas motores como alterações da marcha e do equilíbrio também podem ocorrer. Apesar desses sintomas poderem ser apresentar a qualquer momento, é mais provável que ocorram nas fases mais avançadas da doença. A Constipação também ocorre com frequência e resulta da redução dos movimentos intestinais, trazendo dificuldade na evacuação.

Sintomas não motores

A Doença de Parkinson também apresenta outros sintomas que não estão diretamente relacionadas aos movimentos:

Pressão arterial baixa (hipotensão ortostática): diminuição da pressão arterial ao mudar de posição, como ficar sentado, o que pode causar tonturas ou desmaios.

Problemas urinários: micção frequente, perda involuntária de urina (incontinência) ou dificuldade em esvaziar a bexiga (fluxo fraco).

Sialorréia: excesso de salivação.

Apatia: falta de motivação e interesse pelas atividades.

Problemas de memória ou do pensamento (cognitivos): variam amplamente, podendo se apresentar como dificuldade de atenção, da linguagem e da memória. Compreende desde comprometimento cognitivo leve até grave, este último afetando o trabalho e as atividades de vida diária (demência).

Distúrbios do humor: depressão (tristeza, perda de energia, pensamentos negativos) e ansiedade (preocupação incontrolável).

Psicose: alucinações visuais, auditivas e delírios.

Distúrbios do sono: incluem insônia agitação durante o sono.

Converse com seu médico se estiver apresentando esses sintomas, principalmente se eles estiverem interferindo em suas atividades diárias.

Como é feito o diagnóstico?

​O diagnóstico é feito através de avaliação clínica neurológica, utilizando os critérios do Queen Square Brain Bank. O paciente deve apresentar lentidão dos movimentos (bradicinesia) associada a pelo menos um dos seguintes sintomas: rigidez, tremor de repouso ou instabilidade postural (desequilíbrio) sem outra causa aparente.

A progressão assimétrica dos sintomas, a boa resposta à medicação Levodopa e a presença de discinesias (movimentos involuntários) que ocorrem após a ingestão de Levodopa são alguns dos critérios que dão suporte ao diagnóstico.

É obrigatório excluir causas secundárias, como uso de drogas antipsicóticas, traumatismo de crânio ou múltiplos infartos cerebrais.

Os exames de imagem, como a Tomografia, a Ressonância Magnética e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (TRODAT) são utilizados para excluir a presença de outras doenças que se assemelham à Doença de Parkinson. Algumas dessas doenças são: Paralisia Supranuclear Progressiva, Atrofia de Múltiplos Sistemas, Parkinsonismo Vascular, Degeneração Corticobasal, Hidrocefalia de Pressão Normal, Intoxicação por Manganês e Monóxido de Carbono, entre outras.

Fonte: Dr. Fábio Godinho

Tratamentos da Doença de Parkinson

Tratamento Medicamentoso

A Levodopa continua a ser o medicamento mais eficaz para os sintomas motores. Ela deve ser indicada em pacientes que desenvolvam os sintomas mais tardiamente e naqueles que apresentem sintomas mais intensos.

O seu início pode ser postergado em pacientes jovens (a menos que os sintomas sejam intensos), em virtude das complicações motoras associadas ao seu uso crônico (por tempo prolongado). Estas complicações podem ter início após um período variável de tempo (cinco a seis anos de uso em média) e inclui a presença de movimentos involuntários (discinesias), assim como a necessidade crescente e frequente de doses (flutuação motora ou wearing-off).

Estas complicações podem ser minimizadas através do uso fracionado de baixas doses de Levodopa desde o início do tratamento, além do uso combinado e precoce de outras medicações disponíveis como: agonistas dopaminérgicos (Pramipexol; Rotigotina); inibidores da COMT (Entacapona); Amantadina; inibidores da Monoaminoxidase (Selegilina; Rasagilina).

A presença de sintomas não-motores (problemas cognitivos, dor, insônia, depressão, entre outros) reduz a qualidade de vida e deve ser tratada com igual importância e cuidado.

Deve-se ressaltar que nenhuma medicação foi capaz de reduzir ou evitar a progressão da doença até o momento. Salientamos nunca usar medicação sem prescrição médica.

Tratamento Cirúrgico

​O tratamento cirúrgico mais utilizado para a Doença de Parkinson é a Estimulação Cerebral Profunda, também conhecido como DBS (Deep Brain Stimulation). Lesões precisas de estruturas cerebrais profundas (Talamotomia, Palidotomia e Campotomia) também podem ser utilizadas.

A estimulação cerebral profunda consiste no implante de eletrodos em pequenos núcleos situados na profundidade do cérebro. Estes eletrodos transmitem estímulos elétricos de alta frequência, reduzindo as disfunções elétricas cerebrais que servem de base para o aparecimento dos sintomas. Estes estímulos são gerados por um marca-passo, implantado na região peitoral.

A tendência atual é considerar a cirurgia quando as medicações não apresentem mais a mesma eficácia do início. Isto pode começar a ocorrer cerca de 5 a 6 anos após o início da Levodopa.

Após um período inicial de lua-de-mel com as medicações, os pacientes começam a apresentar:

  • Piora da qualidade de vida, apesar do uso correto das medicações;
  • Complicações decorrentes do uso crônico (por tempo prolongado) das medicações.

 

Deste modo, a cirurgia tem o papel de auxiliar o tratamento clínico, contribuindo para a manutenção da melhor qualidade de vida, por tempo mais longo possível. 

Ressalta-se que a cirurgia não tem o papel de substituir o tratamento medicamentoso, mas sim de complementá-lo.

Fonte: Dr. Fábio Godinho